quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Maus tratos

Atenção ativistas!

Principalmente ativistas de facebook, que só sabem criticar na frente do computador!

Cães sofrendo maus tratos:



Animais "torturados" do Instituto Royal:


A pergunta:

Tirar cães das ruas, adotar vira lata, doar para organizações que cuidam desses animais ninguém quer né?

Pra quem mora em campinas, todo sábado tem feira de animais no Carrefour Dom Pedro, no estacionamento do Sams club e no Galleria Shopping. Existem diversas ongs que castram, vermifugam e fazem cirurgias em animais de rua, abandonados e mal-tratados, tudo com dinheiro de doações. Toda semana, centenas de animais são adotados, em sua grande maioria, filhotes, enquanto os adultos ficam por lá.
Ao invés de invadir e destruir o trabalho sério de cientistas, adote um vira lata adulto. Eles não são tão fofos quanto os Beagles, mas são tão leais e dóceis quanto.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Beagles, neo-nazismo e cientistas malvados

Polêmica da semana: grupo de ativistas protetores dos animais invade instituto Royal para salvar 170 Beagles que estavam sendo usados como cobaias para experimentos. Salvam também coelhos, mas não deu tempo de salvar os ratos.

Agora vamos ao pensamento geral de quem não trabalha ou conhece de perto o trabalho científico:

Testes em animais é crime.

Não, não é crime. Maus tratos aos animais é crime. Testes em animais são obrigatórios por lei. Antes de liberar um novo composto para o mercado, é obrigatório realizar testes de segurança. A lei 11.794 de 8 de Outubro de 2008 regulamenta a utilização de cobaias para testes em laboratório.

Encontraram animais mortos no instituto Royal.

A lei citada acima também prevê que animais utilizados em experimentos sofram eutanásia após tal prática.
Fora isso, a maior parte dos experimentos de toxicologia envolve basicamente injetar o tal composto no animal e, após determinado tempo (de dias a anos), analisar os órgãos e os efeitos causados. Para isso, pasmem, o animal é morto. De forma o mais indolor possível, como regulamenta a lei.

Havia muitos animais no Instituto Royal. Mais do que o necessário.

Para haver um resultado cientificamente aceitável, é preciso haver um N mínimo de amostragem. Você, caro leitor, que nunca fez um experimento do tipo, não é ninguém pra dizer qual é o N mínimo de uma empresa que faz análises para sabe-se lá quantas empresas.
Fora que, para manter um biotério, gasta-se MUITO dinheiro. Muito mais do que experimentos in vitro. Acredite se quiser, se tais experimentos pudessem ser feitos com menos cobaias, seriam. Aliás, a lei também diz respeito ao número de cobaias:

§ 4o  O número de animais a serem utilizados para a execução de um projeto e o tempo de duração de cada experimento será o mínimo indispensável para produzir o resultado conclusivo, poupando-se, ao máximo, o animal de sofrimento.
Mas o Instituto Royal não seguia a lei.

Seguia. Investigações foram feitas e elas se encaminhavam para concluir que tudo estava dentro da lei. Ou você acha que se 170 cães fosse demais, não seria óbvio para o investigador assim que entrasse lá? As pessoas invadiram justamente porque a justiça se encaminhava para simplesmente não punir o instituto, porque nenhuma lei estava sendo quebrada.

É crueldade submeter os cães a tal sofrimento.

Os cães. Ninguém fala nada dos pobres ratinhos que não deu tempo de salvar. Não deu tempo? Não deu tempo porque todos foram direto pros cães. E por que direto pros cães? Porque eles são mais fofos. São animais domésticos. Ninguém foi direto pros ratos. Ou mesmo pros coelhos. Primeiro os Beagles. Isso é considerar um animal melhor que o outro. Se quer defender os animais, defenda todos igualmente. Vai defender e libertar os zebra-fish que são altamente estudados.
E aí vamos ao conceito de crueldade. É um mal necessário. Eu amo os animais. Tenho um cachorro que trato como meu filho. Adotei uma gata que foi abandonada e mal-tratada. Sou contra a venda de animais, sou contra fazendinhas de criação. Mas sei que testes em animais são necessários e portanto devem continuar a ser feitos.

Por que você não dá o seu cachorro pra ser cobaia?

Porque o meu cachorro é um animal doméstico, criado para tal fim. Os Beagles são cobaias, criadas para tal fim. Não têm dono, são propriedade do Instituto Royal, que os comprou, os criou, os regulamentou e seguia a lei para usá-los como cobaia.

Existem métodos alternativos.

Não, não existem. É impossível copiar o corpo humano, ou o corpo de qualquer animal. Somos organismos altamente complexos, e muitas vezes precisamos usar cobaias diferentes para resultados satisfatórios. É por isso que usamos, além de ratos, macacos, gatos, cachorros, etc. O que podemos fazer é testar até certo ponto com células em meio de cultura, mas análises toxicológicas devem ser testadas in vivo.
Pesquisas na área de melhorias da utilização de cobaias, no entanto, estão sendo desenvolvidas, como a prática dos 3Rs.
Cito aqui:

 Por que não usamos criminosos nas experiências!?

Porque não somos organismos modelo.

Os organismos modelo precisam ter diversas características , tais como o desenvolvimento rápido e curto ciclo de vida, adultos de pequeno tamanho, fácil disponibilidade e manutenção. 
Seres humanos vivem muito tempo, são muito diferentes um do outro, não são amplamente conhecidos, têm pouca prole, são muito grandes, difíceis de lidar, e se você quiser comprar um ser humano vai ter que lidar com muitas questões éticas.

Mas seres humanos já foram utilizados como alvo de experiências antes. Um homem em especial, defendeu amplamente a proibição da vivisecção (dissecação em animais vivos). Ele protegia todos os animais, criou lei contra maus tratos, leis contra a caça, e a favor de testes em humanos "ruins.". Era também vegetariano. Seu nome é Adolf Hitler.


Quis dizer isso antes de dizer que quem diz que devíamos testar em humanos está tendo ideias neo-nazi sem saber. Porque sei que vão dizer que estou exagerando. Não estou. Se você pensa que criar um ser humano que você considera "ruim" dentro de um laboratório, confinado, para aplicar drogas não testadas e depois matá-lo para estudar seus órgãos é algo correto, você está tendo ideias neo-nazi por definição. Ponto.


Então humano não pode mas o cachorrinho pode?


Então cachorro não pode, mas rato e zebra-fish pode?

Veja bem, o cachorro não foi escolhido por ser fofinho e porque os cientistas são seres malvados que gostam de torturar coisas fofas. Foram escolhidos porque compartilham características em comum com seres humanos que eram essenciais para os experimentos.

O fato é: os experimentos precisam ser feitos. Ainda não há métodos alternativos. Testar em humanos é inviável. É ruim? É. Muito. Ninguém gosta de fazer. Aliás, custa caro. Mas é um mal necessário.


Aliás, usar cultura de células, que é o método alternativo que todos gostam TANTO de propôr, além de não ser válido para uma gama enorme de experimentos, utiliza soro fetal bovino. Ou seja, mesmo a cultura de células mata animais.





Fontes:

http://w3.ufsm.br/labdros/arquivos/organ_model.htm
http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v40n3/04.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A quem a carapuça servir.

Uma mentira repetida muitas vezes vira uma verdade. E quando se usa verdades para incrementá-la, torna-se quase uma tentação não levantar uma bandeira. Com sentimentos de nacionalismo e utilizando-se de reais problemas de uma população cansada de se ver oprimida por erros que não são seus, a história está cansada de ver ditaduras se formando. Trata-se de uma forma simples de fazer propaganda: veja, nós temos um problema. Este problema não te afeta, mas afeta alguém, esse alguém é parte do que você chama de seu, o "todo", e portanto este problema afeta ao todo. Você faz parte do todo. É seu dever tomar as dores e lutar contra. Sim, lógico, faz sentido. É fácil de aceitar. E de qualquer forma, é uma melhoria, e quem não quer melhorias? Eu quero uma melhoria, você quer uma melhoria.
Pois bem, vamos à melhoria. Mas para melhorar, precisamos pagar um preço.
O que fica difícil de entender é o porque deste preço. Pois o preço não tem absolutamente nada a ver com o problema inicial, nem parece solucioná-lo. O problema, seja a depressão social e econômica, ou a opressão, não desaparece magicamente quando você paga o preço, que é, convenhamos, muito alto.
Mas como ousa parar agora? Que seus direitos vão ser garantidos, que nós estamos na luta pelo SEU bem? Como usa se abster?
Opa, desculpa, verdade, é pelo meu bem.
Paga-se o preço.
E o custo aumenta.
Mas onde estão as melhorias? Ora, estão aqui. Aqui onde? Em toda parte. Você não é mais oprimido.
Mas, pera, eu não era oprimido em primeiro lugar.
Sim, mas agora nós garantimos que você nunca será oprimido.
Não serei oprimido? Ótimo! Eu sou livre! Posso então voltar à minha rotina e fazer o que eu quiser!
Não, não pode. Pois se você não pagar o preço que você aceitou pagar (ou não, mas a maioria sim), há ameaças de punições.
Punições? Mas eu achei que não seria oprimido.
Para garantir que você não seja oprimido, você tem que seguir essas regras.
Mas eu não concordo com essas regras. Não estou vendo melhorias. Meu preço não está pagando o fim dos problemas. Meu preço está criando mais problemas para mim.
Mas você é uma ínfima parte do todo. Sinta vergonha de ser egoísta e pensar em si mesmo.
Mas, não, espera. Eu realmente estou tendo problemas com os quais não posso lidar se continuar pagando esse preço.
Mas você concordou. Você tinha todo direito para ir contra, mas você foi a favor. Agora você é obrigado a obedecer.

Obrigado a obedecer?
Sim, nós chamamos isso de colaborar com a democracia.

Olha, chamar você pode até chamar, mas não acho que ela vai responder por esse nome.